Todas as pessoas
têm a capacidade de perceber a influência dos Espíritos, mas nem todos a
desenvolvem durante sua existência. quando teria de fazer escolhas. A vida
terrena também é cheia de situações, ou seja, de provas para o Espírito ser
avaliado se ainda quer perseverar nas escolhas anteriormente feitas, no período
anterior à vida terrena.
Sem sombra de dúvidas, a consciência na
dimensão do Espírito é muito mais lúcida e expandida, e escolhemos o que
sabemos ser melhor para o próprio amadurecimento espiritual, enquanto que na
Terra nossas escolhas sofrem interferências do meio ambiente e ainda não nos é
permitido antever os acontecimentos breves futuros, para estarmos seguros de o
que fazer.
A mediunidade é nada mais que um sexto sentido
que o ser humano possui. Todo homem traz esse sentido um tanto embotado pela
falta de consciência sobre suas próprias possibilidades. O órgão transmissor é
o cérebro com a glândula epífise ativada, para aumento da sensibilidade do
Espírito na carne.
O médium, que
todos nós somos em maior ou menor intensidade, obtém maior atividade da
epífise, que desenvolve no homem as suas funções psíquicas, desabrochando a
sensibilidade de ver ou ouvir, perceber ou sentir, falar ou escrever emoções e
sentimentos, para outros humanos quase imperceptível.
Todavia o Espirito encarnado precisa aceitar
essas percepções, que podem ser ampliadas à medida que ele se dedica ao bom uso
desse recurso.
Há médiuns que aceitaram a mediunidade como
chamamento à sua maior atenção às coisas espirituais, para não se envolverem de
todo nas querelas materiais. No entanto, a mediunidade como tarefa não se detém
somente no próprio aprimoramento mas também conduz outros Espíritos, médiuns de
tarefa ou não, para o auto aperfeiçoamento.
Graças a Deus, a mediunidade está sendo
popularizada e saiu do conhecimento de elite, de uma camada social mais culta,
que muito auxiliou na conservação desses conhecimentos hoje acessíveis para
todos nós.
Aquele cuidado tinha uma razão de ser; vejamos
na história as perseguições e mortes de irmãos considerados hereges, que nada
mais eram do que médiuns a caminho de sua redenção. Foram Espíritos corajosos
que serviram de chamamento, para a humanidade, de que os Espíritos são imortais
e se comunicam com aqueles que estão estagiando na vida terrena.
Os médiuns chamados de hereges foram aqueles
que não viam importância maior no igrejismo, nas exterioridades ritualísticas,
e não cediam diante do terrorismo que se fazia e ainda se faz com o crédulo,
dizendo-lhe que Deus castiga de muitas maneiras que não vou aqui lhes repetir.
Deus é amor, fonte inesgotável de misericórdia
e tolerância para conosco. Os cristãos que foram mártires no Coliseu romano ou
nas fogueiras da Inquisição eram médiuns, que morreram em estado de
contemplação, na certeza da vida após a vida, das belezas e dos amigos
espirituais. Embevecidos de amor, testemunharam seguir o Cristo sem sombra de
dúvida.
O estudo e a aplicação da mediunidade
continuava a ser para uma camada social selecionada, para que pudessem não só
preservar os conhecimentos mas também exercitá-los e fazer distinção entre os
muitos tipos de mediunidades e os diferentes graus evolutivos de Espíritos que
podem se comunicar conosco.
Quando o homem morre, seu corpo desintegra, o
Espírito vive sempre. A morte não promove transformações morais. Os mesmos
sentimentos, emoções, concepções, vícios e defeitos que o homem terreno nutria
no âmago de seu ser, o Espírito agora desencarnado conserva. O homem não vira
santo depois da morte.
Hoje temos uma literatura fértil nesse campo
da mediunidade; no entanto, ainda assim, há muitos irmãos cometendo desatinos
pelo mau uso desse empréstimo divino, correndo sérios riscos de perder, além da
mediunidade, o proveito reencarnatório. São aqueles que, de posse do divino
tesouro da mediunidade, se empolgam no exercício do poder, achando-se mais
importantes do que os outros, concebendo a ideia de tudo conseguir realizar
graças ao auxílio de Espíritos desencarnados.
A Espiritualidade benfeitora está irmanada com
o Espírito reencarnante de bons propósitos em suas tarefas, porém quando o
protegido se desvia do caminho escolhido anteriormente, ele também se distancia
dos benfeitores amigos.
O Espírito, encarnado ou não, tem o direito de
utilizar o seu livre-arbítrio, ou seja, lhe é lícito escolher o que quer fazer,
tudo lhe é lícito, porém a consequência de tudo o que vier a fazer é
obrigatória, porque é lei divina que para toda causa há um efeito que retoma
para seu emissor na mesma proporção vibratória.
A Terra, ainda um planeta atrasado na
graduação espiritual, conta com muitíssimos homens que se submetem aos
caprichos dos Espíritos. E somente Espíritos infantis, infelizes e inferiores
exercitam o poder junto àqueles que se colocam no comodismo de tudo alcançar a
expensas de seu petitório, sem haver empenho próprio.
Os Espíritos sérios e esclarecidos não perdem
tempo com pedidos de auxílio exclusivamente material, muito menos ouvem nossas
lamentações inúteis e competições sociais entre os homens. É nessa hora que
Espíritos afoitos, que perambulam e espreitam as fraquezas humanas, conseguem o
embuste de se passarem por Espírito protetor com o objetivo de brincar com a fé
cega do encarnado ou de sugar as energias vitais do pedinte desavisado.
O médium é também
uma vítima, quando não é estudioso e esclarecido. Deve estar em constante
aprimoramento de suas percepções, para não ser enganado por um Espírito
brincalhão que caçoa de seu esforço ou por um Espírito pseudo-sábio que coloca
à prova sua capacidade de perceber o Espírito acobertado.
O médium educado ainda pode enganar-se quanto
à sua sensibilidade, mas dificilmente quanto ao seu sentimento.
Além disso, as mensagens podem ser avaliadas
com base nos ensinamentos de Jesus, ou seja, todo conselho que foge ao que o
Evangelho ensina ou que deturpa as leis divinas, não pode proceder do Bem; por
isso a importância do “Orai e vigiai” ensinado por Jesus, tendo sempre o
coração puro e o bom senso.
O maior sacrifício do médium é a disciplina na
perseverança, no estudo e na higiene mental. É característica do médium de tarefa
ser altamente influenciável, mas é preciso conquistar uma flexibilidade à
altura para ser um instrumento adequado. Com isso o médium sofre para discernir
a prioridade de tudo o que faz e quer fazer.
Quando ele se compromete com a tarefa
mediúnica, deve lutar contra os impedimentos que surgem, muitas vezes colocando
em prova sua vontade de dedicar-se ou não à tarefa. É preciso o médium
conseguir desvencilhar-se de toda influência negativa que venha interferir na
sua tarefa de amor.
O estudo deve ser uma constante na vida do
médium que, embora considerado um ser sensível para perceber os Espíritos,
ainda mal os percebe e muito ainda ignora sobre a Espiritualidade.
A falta de higiene mental tem derrubado muitos
médiuns, dificultando a sintonia com Espíritos elevados, perdendo a
concentração, não conseguindo desprender-se das preocupações e submergindo nas
águas turvas da negatividade. Nesse estado, a alma fica doente, cuja doença
torna-se perceptível somente quando se manifesta ou se expurga no corpo físico,
exteriorizando a necessidade de socorro espiritual para o médium. Médium doente
precisa receber energias benéficas e não pode dar o que no momento lhe falta.
Há uma idéia errônea de que o médium se cura
com o próprio trabalho. O médium, na tarefa redentora que abraçou, se distancia
do passado, cura-se não sendo mais o que ele foi, exercitando agora o que ele
quer ser e, com o tempo, poderá confirmar que consegue ser melhor do que era.
Esta é a cura. No entanto, se o médium se apresenta deprimido, negativo,
angustiado, sofrendo espiritual e fisicamente, ele precisa de assistência
espiritual, de reciclar e dinamizar seus estudos para mais profunda reflexão
sobre o que antes não viu com atenção, ou não conseguiu compreender, ou não era
momento adequado para o seu aprendizado.
Quando o médium se renova, analisando suas
tradições, concepções, citações, comportamentos, e consegue fazer uma mudança
para melhor, ele higieniza sua casa mental, eliminando o que não lhe serve mais
e buscando nova maneira de pensar, de sentir e de agir.
A mediunidade não é um instrumento somente
para servir de ajuda ao próximo. Quando o médium estuda, ele é medianeiro ao
mesmo tempo do auxílio Espiritual que ganha, principalmente do Espírito que o
protege. O mentor espiritual individual, que toda criatura encarnada recebe
como misericórdia do Criador, quando necessário busca outros Espíritos afins
para o auxílio especifico de que venhamos a precisar.
Tudo que enriquece o Espírito enriquece o
médium, e seu coração pulsa, participa com ardor nessa verdadeira campanha de
promoção do Bem pelo Bem.
A maior tarefa que o médium empreende é
consigo mesmo, porque não se pode divulgar o Evangelho sem vivenciá-lo e, para
os mais observadores, ele não pode deixar de ser um “Evangelho vivo”.
O empréstimo da mediunidade confere
possibilidades que, sem elas, o homem não poderia comprometer–se.
Quanto maior vontade e empenho no Bem, melhor
sua capacidade de sintonia com as esferas mais altas. Sem isso, o medianeiro se
vê impotente, sem saber o que fazer. Toda vez que se descuida do pensamento
edificante, ele logo hesita, vacila na tarifa mediúnica.
Alguns médiuns dizem que não depende deles
mesmos e sim da Espiritualidade a manifestação mediúnica. E eu vos afirmo que
depende do médium e de todos aqueles que aguardam a manifestação do Espírito. A
transmissão mediúnica é mérito conquistado pelo médium e seus acompanhantes,
encarnados e desencarnados.
Nos momentos que precedem um intercâmbio
espiritual, há um teor vibratório das mentes em conjunto, que formam uma egrégora
ou clima espiritual favorável à comunicação de Espíritos de determinado Grau.
O médium, quando sente que seus propósitos são
elevados, mas o ambiente vibra descaso, curiosidade, incompreensão, pode
tornar-se um instrumento em concordância com o ambiente, ou ainda recusar-se a
ser, medianeiro de Espíritos que infelizmente em nada podem auxiliar. Quando o
grupo possui uma vibração alta de amor, desprendimento, fé e esperança, o
conjunto pode até mesmo requalificar as vibrações do médium invigilante e elevar
o teor vibratório do instrumento, culminando num intercâmbio proveitoso para
todos.
Ser médium é acender sua própria luz para
Espíritos sofredores e iluminar-se com os Espíritos benfeitores. Nas duas
diferentes comunicações, o médium sempre aprende. Os sofredores, quando
desabafam dores, erros, enganos e desilusões, estão passando advertências,
pois, ao mesmo tempo em que pedem ajuda, prestam auxílio para que sejamos
prudentes para também não errarmos. Os benfeitores amigos estimulam a
perseverança no Bem, à dedicação ao próximo, o estudo para o autoconhecimento,
a eliminação de vícios e defeitos. Muito raramente dão um determinado conselho,
porque respeitam o nosso livre-arbítrio. Se os Espíritos benfeitores nos
guiassem em tudo, o mérito de nossas conquistas e vitórias de fato não seria
nosso.
Os Espíritos perversos, orgulhososos,
zombeteiros interferem, afirmam o que você tem de fazer, ordenam e cobram, de
acordo com seus interesses. O maior erro desses Espíritos não está nos
sofrimentos que acarretam ao próximo, e sim na discordância com as leis
divinas, ou seja, o desrespeito aos sentimentos e ao livre-arbítrio do próximo.
São responsáveis pela ausência do Bem e o impedimento de todo o Bem que
poderia ser realizado se eles não interferissem.
O sofrimento já é uma consequência de outra
envergadura, ou seja, o carma. O débito amealhado por um Espírito em uma ou
mais encarnações, no momento certo, expurga na carne, naquela encarnação. E ele
sofre, porque é o seu momento de sofrer, seja por esse ou aquele instrumento,
humano ou espiritual. É a hora bendita da dor que, vivenciada sem lamentação,
com resignação, coragem, boa vontade para compreender a justiça divina e suas
leis cósmicas, é a porta para nossa libertação do passado e por isso mesmo nos
permite trabalhar pelo nosso futuro.
Você pode erguer-se dos escombros do passado
pelo sofrimento ou pelo trabalho. Isso vai depender de suas próprias
disposições espirituais. Quem se conservar no papel de vítima, de injustiçado,
vai ressarcir seus débitos espirituais muito mais pela dor do que pelo
trabalho. Já quem lutar para compreender e modificar-se para melhor, vai
aceitar um chamamento divino para refletir e crescer. O trabalho está implícito
na tarefa de renovação do ser, porque é vibração ativa e renovadora.
A mediunidade utilizada no Bem é um trabalho
que queima o carma, ou seja, extingue o amontoado de débitos espirituais e, não
por acaso, mas por esforço e dedicação. A mediunidade pode ser uma alavanca
para o crescimento do Espírito que não quer mais errar, que se afasta do
passado cada vez mais.
A tarefa redentora do médium vitorioso até
mesmo pode prepará-lo para, na reencarnação seguinte, ser um médium intuitivo
natural e espontaneamente um missionário para a humanidade terrena.
A maior dificuldade é o médium conseguir saber
se está no caminho certo, se sua capacidade mediúnica não está sendo mal
orientada, qual estudo deve ser feito, qual seu tipo de mediunidade, qual a
tarefa que deve realizar com sua capacidade mediúnica.
Não pode existir o exercício mediúnico sem o
auxílio do mentor espiritual que protege e guia cada indivíduo. Quando o
candidato ao serviço mediúnico não percebe seu mentor, ainda não está apto ao
desenvolvimento do trabalho.
A Espiritualidade não pode ficar à disposição
do médium para sempre, inspirar ou sugerir boas idéias. Somos nós mesmos que
devemos abrir a bagagem do que já conhecemos e colocar em prática.
Além disso, o médium deve estar buscando
constante renovação íntima, para discernir o momento de eliminar o que não lhe
serve mais e criar novos hábitos espirituais graças à sua paulatina
conscientização.
Ser médium é constantemente procurar o que é
melhor a si mesmo, sem prejudicar o próximo, para ter hábil sintonia com o mais
Alto. Nessa sintonia ele capta o que também é melhor aos outros, para
possivelmente ajudá-los.
Muitos médiuns de boa vontade, porém
desorientados no Bem, se confundem entre a idéia de servir com devotamento e de
sacrificar o cuidado consigo mesmo, a pretexto de evitar cair nas malhas do
egoísmo. Egoísmo sempre implica prejuízo ao próximo. Quando o Espírito quer
aprimorar-se no exercício dos ensinamentos morais e espirituais que o Cristo
nos ensina, a vigilância interior é imprescindível, a fim de que no futuro não
venha a surpreender-se com o Bem que deixou de fazer a si mesmo, por
negligência e desrespeito a Deus.
O Espírito encarnado distancia-se de Deus à
medida que se envolve com o ambiente terreno e não aviva com frequência sua
memória espiritual por meio da prece, da confiança de que o auxílio divino
sempre chega. É preciso buscar nos menores acontecimentos, situações simples,
palavras, gestos, idéias, uma intercessão de Deus, por meio do que ele permite
a seus servidores realizar em prol da humanidade terrena.
Do livro: UM
CHAMADO DIVINO – Márcia de Castro Soares – pelo Espírito Bernard